São Pedro de Moel

Eu e a Sofia saimos no sábado ainda de madrugada. Depois de um dia a desenhar nalgumas estradas do centro do país chegámos, já quase noite, a São Pedro de Moel. O ameno e colorido pôr do sol contrastava com o negro a que se resume agora o pinhal de Leiria. Não resistimos. Em silêncio, desoladas, cada uma de nós  atirou-se furiosamente ao seu caderno.



NÃO VAMOS ESQUECER

Senti-me desolada, inconformada, triste e revoltada com o modo como os incêndios deixaram o nosso país. Mas senti-me acima de tudo impotente. E irritada porque, se a memória não me atraiçoa, sei que nos esquecemos todos muito rapidamente destas coisas, porque não estamos lá. Basta outro tema ser posto em palco e zás, esquecemo-nos!
E foi assim que me pus a caminho. "Mas o que vais fazer com isso?" perguntavam-me. Não sei, mas alguma coisa tenho que fazer".
Lembrei-me então que se algum jornal ou revista publicasse os meus desenhos sobre incêndios durante um longo período de tempo, isso poderia  ajudar  alguém a não esquecer.
E muito melhor seria se  todos, de norte a sul,  fizessem um desenho in loco sobre um incêndio, um rescaldo, uma aldeia, uma vítima ou uma comunidade atingida e se todos eles fossem publicados. Juntos seriamos mais fortes.
O Público online aceitou publicar os nossos desenhos, um a um, durante tanto tempo quanto possível.

Porque é sério, porque é grave, desta vez  NÃO VAMOS ESQUECER!


Entre o Porto e Caminha

Póvoa do Varzim
Leça da Palmeira


Vila do Conde



É Outono

De há uns anos para cá  o Outono já não é aquela coisa de dias lindos, tranquilos, com uma luz tépida e suave mas ainda luminosos, a encurtarem progressivamente até ao dia da machadada final: esse horror da mudança da hora que algum pérfido ser inventou e que nunca  me conseguirão enfiar na cabeça que é para poupar energia. 
O Outono é apenas, quando a Sidónio Pais fica cheia destas castanhas selvagens, ou de jardim, que não servem para comer, mas - dizem os entendidos - afugentam as traças e se devem pôr no roupeiro.
Não sei se é verdade ou não, mas são lindas, gordas, brilhantes, e têm uma cor quente que não se consegue imitar. Apanhá-las é um vício irresistível e, enquanto o faço, sinto aquele regozijo de que mais um ano passou e tudo se repete sem mudanças. Porque será que - gostando eu tanto de mudar, de viajar, de fugir ao tédio dos dias sempre iguais - gosto tanto destas coisas rotineiras? 




Ironing

Pessoas a trabalhar são os melhores modelos do mundo! Esta é a Bela, em dia de passar a ferro!
(ainda sem scanner . GRHHHH!!!)

E é no Porto que começa a viagem. Ou não?

Muitos são os caminhos de Santiago: o Francês. o da Costa, o Português, o Espanhol...
Este começa no Porto e vai andando sempre pela costa, até Caminha, depois Baiona, Vigo e por aí fora. É um caminho pequeno, mas uma verdadeira viagem. 
A minha começou num mail. Depois passou para um mapa e só depois se iniciou, literalmente.
 Como sempre, tive o frenesim da viagem, aquela excitação que talvez nasça do  trocar o previsível pelo desconhecido, da antecipação do  prazer de ver e descobrir  coisas novas. 
Raramente penso nisto mas, afinal, o que é uma viagem? Onde começa? Como nos transforma?
E o que distingue uma viagem duma peregrinação? 
Que espécie de viajante é o peregrino - que espero encontrar tantas vezes nos próximos dias?





  

Compostela Ilustrada


Mais informações em http://www.compostelailustrada.com/

Uma aventura a caminho de Compostela Ilustrada









Há uns meses recebi um email de uma editora espanhola, a convidar-me para participar num projecto cuja intenção  subjacente seria dar visibilidade às mulheres no mundo da ilustração, e que consistia naquilo que, na minha cabeça imedatamente se desenhou como sendo uma aventura fantástica: integrar um grupo de quatro desenhadoras, que iriam percorrer e desenhar o caminho da costa entre o Porto e Santiago de Compostela. Esses desenhos dariam corpo a um livro a apresentar na 2ª Edição do Compostela Ilustrada, a acontecer em Novembro. 
Quando soube quem eram as outras três  convidadas  vacilei, como certamente compreendem: a Fernanda Lamelas, que dispensa apresentação, a Isabel Seidell e a  Blanca Escrigas  Ui...
Não resisti a investigar como o meu nome tinha surgido. Obrigada Ana Luísa Frazão! 
Ainda bem que me enchi de coragem e aceitei o desafio, porque foi uma experiência única.
 E agora, vamos a Santiago?

Vou pondo aqui algunsdos desenhos que fiz.Por hoje, ficam estes...