São Pedro de Moel
NÃO VAMOS ESQUECER
Senti-me desolada, inconformada, triste e revoltada com o modo como os incêndios deixaram o nosso país. Mas senti-me acima de tudo impotente. E irritada porque, se a memória não me atraiçoa, sei que nos esquecemos todos muito rapidamente destas coisas, porque não estamos lá. Basta outro tema ser posto em palco e zás, esquecemo-nos!
E foi assim que me pus a caminho. "Mas o que vais fazer com isso?" perguntavam-me. Não sei, mas alguma coisa tenho que fazer".
Lembrei-me então que se algum jornal ou revista publicasse os meus desenhos sobre incêndios durante um longo período de tempo, isso poderia ajudar alguém a não esquecer.
E muito melhor seria se todos, de norte a sul, fizessem um desenho in loco sobre um incêndio, um rescaldo, uma aldeia, uma vítima ou uma comunidade atingida e se todos eles fossem publicados. Juntos seriamos mais fortes.
E foi assim que me pus a caminho. "Mas o que vais fazer com isso?" perguntavam-me. Não sei, mas alguma coisa tenho que fazer".
Lembrei-me então que se algum jornal ou revista publicasse os meus desenhos sobre incêndios durante um longo período de tempo, isso poderia ajudar alguém a não esquecer.
E muito melhor seria se todos, de norte a sul, fizessem um desenho in loco sobre um incêndio, um rescaldo, uma aldeia, uma vítima ou uma comunidade atingida e se todos eles fossem publicados. Juntos seriamos mais fortes.
O Público online aceitou publicar os nossos desenhos, um a um, durante tanto tempo quanto possível.
Porque é sério, porque é grave, desta vez NÃO VAMOS ESQUECER!
O jardim da Compave
Em dias de tédio, vou à varanda, ou desço lá abaixo, com pinceis ou canetas escolhidas quase à toa, e desenho o jardim, às três pancadas. . A Compave, como é chamado. As memórias deste síto exigem que um dia faça um desenho melhor. Por enquanto, só saiu isto...um amontoado de coisas que se mesclam e sobrepoem confusamente. Como as memórias, talvez...
É Outono
De há uns anos para cá o Outono já não é aquela coisa de dias lindos, tranquilos, com uma luz tépida e suave mas ainda luminosos, a encurtarem progressivamente até ao dia da machadada final: esse horror da mudança da hora que algum pérfido ser inventou e que nunca me conseguirão enfiar na cabeça que é para poupar energia.
O Outono é apenas, quando a Sidónio Pais fica cheia destas castanhas selvagens, ou de jardim, que não servem para comer, mas - dizem os entendidos - afugentam as traças e se devem pôr no roupeiro.
Não sei se é verdade ou não, mas são lindas, gordas, brilhantes, e têm uma cor quente que não se consegue imitar. Apanhá-las é um vício irresistível e, enquanto o faço, sinto aquele regozijo de que mais um ano passou e tudo se repete sem mudanças. Porque será que - gostando eu tanto de mudar, de viajar, de fugir ao tédio dos dias sempre iguais - gosto tanto destas coisas rotineiras?
E é no Porto que começa a viagem. Ou não?
Muitos são os caminhos de Santiago: o Francês. o da Costa, o Português, o Espanhol...
Este começa no Porto e vai andando sempre pela costa, até Caminha, depois Baiona, Vigo e por aí fora. É um caminho pequeno, mas uma verdadeira viagem.
A minha começou num mail. Depois passou para um mapa e só depois se iniciou, literalmente.
Como sempre, tive o frenesim da viagem, aquela excitação que talvez nasça do trocar o previsível pelo desconhecido, da antecipação do prazer de ver e descobrir coisas novas.
Raramente penso nisto mas, afinal, o que é uma viagem? Onde começa? Como nos transforma?
E o que distingue uma viagem duma peregrinação?
Que espécie de viajante é o peregrino - que espero encontrar tantas vezes nos próximos dias?
Uma aventura a caminho de Compostela Ilustrada
Há uns meses recebi um email de uma editora espanhola, a convidar-me para participar num projecto cuja intenção subjacente seria dar visibilidade às mulheres no mundo da ilustração, e que consistia naquilo que, na minha cabeça imedatamente se desenhou como sendo uma aventura fantástica: integrar um grupo de quatro desenhadoras, que iriam percorrer e desenhar o caminho da costa entre o Porto e Santiago de Compostela. Esses desenhos dariam corpo a um livro a apresentar na 2ª Edição do Compostela Ilustrada, a acontecer em Novembro.
Quando soube quem eram as outras três convidadas vacilei, como certamente compreendem: a Fernanda Lamelas, que dispensa apresentação, a Isabel Seidell e a Blanca Escrigas Ui...
Não resisti a investigar como o meu nome tinha surgido. Obrigada Ana Luísa Frazão!
Ainda bem que me enchi de coragem e aceitei o desafio, porque foi uma experiência única.
E agora, vamos a Santiago?
Vou pondo aqui algunsdos desenhos que fiz.Por hoje, ficam estes...
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