Com Javier de Blas, na Casa Atelier Vieira da Silva

Entre fevereiro e março de 2015, Javier de Blas esteve  num campo de refugiados saharaui, na Argélia.O seu livro Viajero en Tindouf conta a sua experiência, acima de tudo através de magníficos desenhos que nos transportam até lá. Tivemos a sorte de o ter hoje na CAVS. Só podia ser muito boa pessoa e, felizmente, não desiludiu:) 


Sem rede!

"Sem rede" é como me senti a fazer estes desenhos!
Comecei com a caneta preta mas achei que não estava a resultar...

Arrumei-a e fiquei só com os pinceis de água. No escuro pouco via, e as cores eram as primeiras que me apareciam! E comecei a desenhar assim...à matroca, como eu gosto ;)

Tentei reduzir, deixar espaço para, em casa, escrever a letra da música Terra (clica, clica!) que o Caetano cantava e é tão bonita, e desenhei mais lentamente, quase ao som da música, deleitada com o que via e ouvia...

E depois arrisquei alargar o foco, subir a parada :)
O amarelo pus em casa, bem como os fundos mais pretos -  porque usar  tinta da China ali, atabalhoada como sou, seria arriscado demais! E viva a batota da correção digital, que escurece mais os escuros e é irresistível!

 E depois, o adeus, ao som da (e clica de novo :)  Luz de Tieta , sempre comovente e emocionante...Tão emocionante que o desenho deu no que deu, mas não faz mal!  Sem rede, é sem rede!
E como dizia a Marina Grechanik: 
Tell us the story,
 Don't care about results  , 
ENJOY THE PROCESS; PLAY AND HAVE FUN!! 


Que emoção!

Estou tão contente! Não sei por onde começar. Pelo princípio? Não!Já sei : pelo telefone a tocar, há duas semanas. (Uau!  - pensei - Uma chamada do Brasil.?!)
"Terêsaaa? Oi! Fala Ana , da produção do Grande  Circo Místico. Olha aí Terêsaa, o Cacá tá querendo fazer um cartaz com um desenho seu......

...E aí,   é para saber se você autoriza..Sim? Que legal!...Então você vá pensando quanto você leva pelos direitos, tá?" 
Direitos? Eu? Que coisa estranha..essa palavra não entra no meu léxico...
 "Não sei...só se for qualquer coisa simbólica...não sei...mas  olhe, ficaria muito feliz se pudesse ir ver o  Caetano!"
E foi assim que ganhei esta preciosidade:
Mais velhos, mas como sempre extraordinários, Caetano e Gilberto ofereceram-nos duas horas de puro prazer e boa disposição que eu, mesmo estando nas nuvens, tentei registar no meu caderno. Quando acabou, um senhor de idade que estava sentado ao meu lado disse: "Desejo-lhe muitas felicidades! É uma grande artista!" Era o  Eduardo Lourenço. Corei e agradeci, visivelmente  atrapalhada! Depois foi procurar a porta dos artistas com os nossos Bilhetes "GUEST After Show". E foi assim que conheci Caetano Veloso  e Gilberto Gil, duas pessoas que tanto (tanto mesmo!) admiro, desde há tanto tempo! 

Fiquei tão emocionada que, quando cheguei ao carro, tinha ainda as pernas a tremer :)
Que noite... :)
Obrigada Renata e Cacá Diegues!

Casa de Cima, Praia Grande

Mais um 25 de Abril. Mais uns anos do Pedro. Mais um almoço maravilhoso. Muita conversa, muitos amigos,  risota qb e, para rebater,  mais um desenho, à laia de sesta ,  com  muita calma, com muito vagar.  Também devagar, o sol foi dando lugar a um leve nevoeiro, que insiste em fazer-se convidado por estes lados...

Cadernos de Viagem de Abrantes

Mais um dia bem passado! Obrigada à Câmara, ao Nucleo Sul da Ordem dos Arquitectos, à Biblioteca António Botto e ao Eduardo Salavisa. (E à Fernanda que me deu boleia!)
Não sei se é da pressão, mas os meus desenhos dos Encontros nunca me agradam.
Desculpas... :)



Clube Desportivo de Paço de Arcos


Gosto muito de Clubes Desportivos antigos, que  conseguem sobreviver em  instalações sempre curiosas! Imagino um tesoureiro, cabelo em fios puxados com brilhantina, alfinete do clube espetado na lapela, um livro com o deve e o haver, um rol de quotas, uns troféus (poucos) já baços e oxidados amontoados numa vitrine com portas deslizantes de vidro levemente esverdeado, daquelas que tem um sulco rectangular para se poderem puxar...
Passei em Paço de Arcos e não resisti a mais este!
(na foto, do Google Maps, já antiga, ainda havia bandeiras, mas hoje, já só lá estavam os paus.)





A minha banda favorita :)

Tocam bem, o raio dos putos! Tenho que os ir desenhar!
 (Gosto de saltar directamente para o minuto 3:14,  he he)




No Tejo, com chuva, salpicos....e o almirante Queiroga!

Um passeio  de barco pelo Tejo, ao fim da tarde e com amigos, é irresistível de desenhar.
Mas, quando a chuva é tanta que molha o caderno,  o vento leva folhas pelo ar e insiste em pôr cabelos à frente dos olhos, e o frio desperta o Sindrome de Raynaud nas minhas falanges, os desenhos saiem toscos e "gatafunhados". Ainda assim,quando os vejo,  relembram-me bem tudo isto e, portanto, mesmo mauzinhos, eu gosto deles :)






Dá que pensar, a Matemática do 12º !

Vertigem alheia

Eis um mal de que padeço:)
E do alto do 10º andar em que me encontro, não é a primeira vez que assisto a coisas destas!
Lá diz o Tim "Ai se ele cai..."


Brrrrrrr! ( - "onomatopeia para frio, calafrio, medo")

Dia de pintar a casa... Tudo amontoado !Tudo às avessas!  E eu a um canto, a assistir a tudo isto. Será que  vai voltar à normalidade ?? Será que a minha sala vai deixar de parecer um dinossauro desventrado? Custa acreditar! Mas há que confiar no Sr. pintor. Sim, porque afinal, ele tem ar  de quem sabe o que está a fazer :)



Nada!

Gosto de riscar sem propósito, em agendas ou cadernos destinados a outras coisas. É a forma mais eficaz de descansar. Às vezes gosto do resultado. Especialmente quando os materiais não são os do costume!



À porta da Igreja

Novamente a vaguear uma hora com lentes de contacto. E sem caneta....Estou em frente a uma igreja moderna, dessas em vidro e cimento, que parecem marquises acrescentadas por um qualquer empreiteiro a prédios já de si feios e tristes. As entradas das igrejas têm por vezes um ar pesado, carregado pelas histórias dramáticas de muitos dos que ali vão dar conta do seu desespero. É o caso desta.

Jantar Comunitáio - Os convidados

A Ana Rita e o Agostinho são um casal de surdos mudos que vêm aqui regularmente. Fiquei contente quando, no fim do jantar e já à saída, lhes fui mostrar o desenho e vi que estavam rodeados de outros jovens como eles. Estes amigos, embora se fizessem entender com alguma dificuldade, esforçaram-se por me explicar o que já sabia: que eles eram namorados :)

Alguns velhotes, um pouco mais alheados, ficam  em silêncio, absortos nos seus pensamentos

No início do jantar reparei neste senhor, muito querido, que distribuía aleatóriamente beijinhos, com grande familiaridade.
 Depois do jantar repetiu a dose (de beijinhos), enquanto dizia convicto: " Então até daqui a 15 dias!". Perguntei se o podia desenhar. Claro que sim, e pôs- se em pose. Pedi que se deixasse estar como estava, que não se incomodasse. Quando acabou, mais dois beijinhos e lá foi à sua vida.
Não consegui ver o seu nome mas, seja como for, até daqui a 15 dias, Senhor dos Beijinhos.



Lentes, gatos e agricultores

Fui experimentar lentes de contacto. Devia andar  umas horas com elas, a pé e  de carro também.Ver ao perto. Ver ao longe. Deambulei sem destino e, de repente, a paisagem mudou radicalmente! Estava  numa horta, cheia de bidons, barracas, canas, capoeiras e velhotes agricultores. A conversa era animada!