Maldito Alzheimer

Como uma metralhadora.
As palavras saiem-lhe em rajadas, secas, até agressivas. Persecutórias.
Ele ouve, cansado. Com mágoa e resignação sussurra frases tranquilizantes que não fazem eco naquela estranha de olhar vago com quem, afinal, partilhou toda uma vida.
Maldito Alzheimer.
Vou comer bróculos.
 E enfrascar-me em Ginko Biloba.


Dois dedos de conversa

Gosto muito destes largos  com árvores, banquinhos e mesas, onde se dão dois dedos de conversa, se joga à batota e se engana o tempo para não ver o tempo passar. Gosto também porque são  iguais em todo o lado. Este é em Linda a Velha.

Belém e a marabunta

Em Belém, de manhãzinha, a ver a marabunta chegar!
Uff...fiquei cansada e com os olhos em bico!
Tão depressa não me meto noutra!
Ainda por cima, só no fim de tudo  percebi o profundo (sim, porque há muitos outros menos profundos ) erro deste desenho. É sobre os Jerónimos, mas aponta para os Pastéis de Belém ! Estaria com fome ?:))


Credo! Que caos!

Chove a potes. A marginal está fechada. Não há comboios. O viaduto de Alcântara está encerrado. O trânsito está infernal. Credo! Que caos! Enquanto (des)espero, tento desenhar o que vejo.

Desgostos, um sobrinho e a ajuda da Paula Cabral

A Paula tem uma "caneta" maravilhosa, com que pinta de preto as páginas do caderno de que não gosta. Ainda bem que não a tenho, senão enfaixaria de negro muitos dos meus desenhos que sei, com toda a  certeza que um dia, com o passar do tempo, até  viria a gostar :D
Mas não resisti a pedir-lhe que me deixasse usar aquele objeto mágico. E foi nessas páginas que muito a correr desenhei o meu sobrinho João...

Parque Eduardo VII

Isto é por fases:ora me dá para desenhar igrejas, ora me dá para desenhar ruas, ora me dá para as pessoas...Agora o meu olhar tem ido para os jardins, que têm uma calma muito inspiradora. Desenhá-los - ou tentar fazê-lo, mesmo que aos bocados desconexos - tem algo de apaziguador, que me sabe muito bem... 

Manteigaria Silva

De todos os sítios onde já fiz um desenho, tenho a certeza que este foi -  o mais apertado e atafulhado, sim - mas, sem dúvida também, o mais bem cheiroso! Quase sem me poder mexer, submersa em garrafas de vinho e  azeite, fui-me regalando, deliciada, com o aromas dos queijos das mais diversas proveniências de Portugal e dos presuntos de variadas cores e curas. Depois de dois dedos de conversa que acalmaram as inicias ansiedades do Sr. José perante a minha presença, foi um deleite também observar o zelo com que cuida a sua loja, as instruções quase subliminares que vai dando aos empregados que , filhos ou não,  não podem  pôr o pé em ramo verde.  "É que atender é uma escola, e esta malta nova não consegue perceber isto". Entram clientes habituais, turistas que leram esta referência nalgum guia, vizinhos, novos, velhos. Nínguém sai de mãos a abanar. Saiem todos com um sorriso e  a ilusão de levar consigo um pouco de Portugal . Que maravilha:)


Nota: Foi acrescentada uma nova loja à lista das Lojas tadicionais. É a Mercearia Pérola de São Mamede, na Rua Nova de São Mamede 19-A. E é linda:)   

Casa das Sementes Soares & Rebelo

O Fórum Cidadania Lx formou o Círculo de Lojas de Carácter e Tradição com o objectivo de defender e divulgar o comércio tradicional da cidade. Dar a conhecer este património invulgar numa capital é, em simultâneo, um imperativo deste Círculo e uma forma nova de conhecer Lisboa.A proposta é desenhar cada uma das lojas-membro, fachadas, letras, interiores, tectos, pormenores surpreendentes que as tornam um marco inultrapassável em Lisboa.
Lá fomos então á procura de lojas : eu, a Sofia, e o meu urbansketcher preferido: o Duarte!
A Sofia escolheu esta belíssima loja de sementes. Eu, primeiro, dediquei-me à manteigaria Silva mas, quando acabei esse desenho complicadíssimo que me meti a fazer e ainda estou a decidir se o ponho por aqui, não resisti a este balcão, com a balança e as centenas de saquinhos pendurados e milimétricamente expostos. Não tinham passados mais do que 5 minutos quando a senhora veio avisar que tinha que fechar a loja :(. ...
E ficámos por aqui!

Maternidade Alfredo da Costa

Apesar do Luís lá ter nascido, nunca tinha reparado bem na fachada da Maternidade Alfredo da Costa. De facto, as grávidas entram na urgência pelas traseiras!
Quando por lá passei na 5ª feira e me  apeteceu desenhá-la, não sabia que era um edifício com projecto de Ventura Terra, inaugurado em 1932, depois de muitas peripécias ligadas à falta de materiais provocada pela Grande Guerra.
Enquanto a desenhava ( e antes do  maior inimigo de qualquer desenhador - a saber, um técnico da Emel -  me pôr a andar dali para fora), imaginava quantos bebés ali teriam nascido. Calculei que fossem muitos mas, mais de 600 000 é um número inimaginável!
MAC, uma verdadeira fábrica de bebés:)
- Com ou sem céu, eis a questão!- 

É sempre bom ir a Montemor!

Este desenho revela que estou a ficar velha. Como? É fácil: foram pedacinhos apanhados na viagem, em que pela primeira vez  não fui eu  a guiar. Foi o Pedro!  Uma nova etapa? Talvez...Mas confesso que não me agrada, eh eh;)
E chegado a casa, o sr. condutor dedicou-se a  descansar no terraço, a ver a vista, não sem antes calçar a farda daqui!

E não é que o sortudo ganhou uma massagem ayurvédica do amigo Guilherme , licenciado em Direito que, depois duns meses na India, largou tudo para se tornar estudante desta arte? Só ele, para ter esta conversa sobre "Prana"! 

E entre "pranas", chazinhos e lareiras,  se passou um bom serão...

 De manhã, na vila, apeteceu-me desenhar esta Associação Operária Montemorense. O céu ficou carregado, e fugi rápidamente...